terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um silêncio imperioso

É a fotografia perfeita de um sonho antigo. O areal extenso e plano, o céu azul e penetrante, o mar sereno ainda longe, a brisa marítima com o seu aroma característico, um silêncio absoluto.

A mente vazia, e um silêncio imperioso. Apenas tu, e o silêncio.

Não sabes porque te encontras ali. Olhando através dos teus olhos, diria que o tempo te paralisou, como se de repente ao mundo lhe faltasse corda, e tudo o que nele existe permanecesse inerte.

Momentos assim, na nossa vida, não os há. Quem o diz? Digo-o eu, sem certeza do que digo.

Um sonho não é local para reflexões. Há que libertar a mente quando inspiramos o ar puro que nos impregna os pulmões de dúvidas que procuram resposta, quando nos encontramos genuinamente acordados e sem torpores que nos afetem o espírito.

A procura incessante - daquela resposta que tarda em chegar - nem sempre é profícua, quantas vezes caliginosa.

Aceitemos a vida como ela é, mais ou menos fulgente, lutando cada dia por um amanhã melhor.

Se numa dessas lutas te deparares com a tua consciência, então a tua vida terá, certamente, um propósito.



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Talvez um dia

Se as palavras que escrevo forem eternas, talvez um dia cheguem até ti.

A ti, que te encontras no outro lado do universo, à espera de um sinal meu. Longe estás, à distância de um pensamento, porém.

Procuras mostrar-me o futuro, numa ânsia sôfrega que me anestesia o coração. As tuas lágrimas, recebo-as caídas do céu em forma de cristal, lágrimas que abraço com nostalgia, lágrimas que chorei contigo num passado distante.

O outono surgiu sorumbático, carregando uma melancolia que não nos é estranha, que nos impregna o espírito com angústia.

O nosso mundo, no qual o tempo nunca pára, encontra-se em constante mutação. Talvez um dia, quiçá por magia, as minhas palavras cheguem até ti.

Neste momento, resta-me a esperança de perpetuar na tua memória aquilo que fomos um dia, através de um sorriso que só tu conheces.

Olha para mim. Estou aqui.



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A tua vida

Irracionalidade. Quão bela não é a vida, com toda a sua irracionalidade intrínseca?

Felizes são aqueles que a questionam a todo o instante, sem, ainda assim, obterem sempre uma resposta.

Porquê o desejo de desvendar todos os segredos do mundo? É a nossa natureza, de constante busca por respostas, quantas delas sem conhecerem, sequer, as perguntas que lhes dão origem.

Se me questiono sobre o porquê de nos amarmos? Encontro a resposta no sol que nasce, no silêncio do nosso olhar, na cumplicidade do nosso sorriso.

A vida não é mais que um livro cujo final se encontra por escrever.

Ri. Chora. Reinventa-te. Renasce: as vezes que forem necessárias, para encontrares a tua felicidade.

O epílogo da tua vida está nas tuas mãos. Por muito irracional que isso possa ser.


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Amor

Li, outrora, que o amor não se vê. Que apenas se sente, como a brisa do mar que nunca abandona a sua praia.

Mas o amor vê-se, sim. Vejo-o bem desenhado no teu olhar, no teu sorriso, no ar que respiras.

Impossível será descrevê-lo por palavras, embora tão presente e tão próximo como a nossa própria sombra, como parte de nós.

A noite cai, a sombra some e o amor fica. Porque o amor não conhece o tempo.

Alegre, ameno, mesmo em dias de tempestade. Para o amor, talvez seja sempre primavera.

Será visível a aura que nos rodeia, aquela que consigo leva o amor que mostramos ao mundo?

Nasce o sol, e com ele despertam esperanças sem par.

Até onde chegará o nosso amor?


domingo, 11 de agosto de 2013

Sonhos

Despertei cedo,  invadido por uma nostalgia que não me pertence.
Talvez por ter sonhado com um passado que nunca foi meu, um passado sobre o qual não tenho quaisquer memórias, mas apenas mal distintas sensações.

Abraças-me, ternamente, ao sentires a minha melancolia madrugadora. O sonho, esse, que por largos minutos tentou, a todo o custo, perpetuar-se na realidade, perdeu força e desvaneceu-se como um inusitado nevoeiro que procura enfrentar o resplendor do sol.

De mão dada, voltamos a adormecer.  Regressados ao mundo dos sonhos, reencontramo-nos num labirinto formado por uma densa vegetação, cujos caminhos apresentavam um sem número de curiosas fotografias. Se inicialmente pensámos que o intuito das imagens seria indicar-nos o caminho para a saída do extenso dédalo, no instante seguinte percebemos que não poderíamos estar mais enganados.

Era o nosso futuro, fragmentado em momentos de uma felicidade entusiasmante, que se encontrava diante dos nossos olhos.

Se procurámos gravar as imagens na nossa memória? Não, claro que não.


Despertámos felizes, e com uma vontade imensa de caminhar, juntos, em direção ao nosso destino. Aquele que tão bem conhecemos, dos sonhos vividos a dois...


sábado, 22 de junho de 2013

Simetrias intelectuais

No limbo. Fleumático, olha para trás com indiferença e dá um passo em frente, na direção do infinito. Extasiado, agora, com a beleza imponente de um universo que desconhecia, viaja à velocidade da luz absorvendo tudo à sua passagem.

Fonte inesgotável de sapiência, era assim que encarava cada uma das viagens sem destino a que se propunha. E porque as viagens sempre trazem consigo sorrisos e um sem número de novas experiências, são como vidas dentro da nossa vida, qual elixir da juventude que retarda o inevitável.

Cada vez que sonhas, a tua mente viaja por locais para si desconhecidos. Porque, por muito que tentemos acreditar no contrário, não há sonhos iguais. E tão pouco existirão sonhos verdadeiramente partilhados, por muito idílico que se possa afigurar.

Cada mente é um poço sem fundo de virtudes, defeitos, convicções, valores, sonhos e até alguns pesadelos. Acreditar em simetrias intelectuais, é como apostar na mais improvável das improbabilidades, passe o sofrível pleonasmo.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Laivos de memória

Pensamentos que colidem entre si dentro da tua cabeça, como trovões que procuram abrir feridas na terra sob os teus pés.

Perdes laivos de memória, enquanto o teu passado se transforma numa nuvem particularmente incerta e caliginosa.

A nuvem rebenta numa chuva copiosa, que subitamente inunda a tua mente com imagens de um futuro que nunca viste, um futuro com as cores de um arco-íris sem segredos ocultos.

O passado já não o é, quando no presente te sentes renascido das cinzas, qual fénix que estende as asas a um mundo com mil e uma ciências por desvendar.

Olhas-te ao espelho, e não reconheces a imagem aí refletida. Quem és tu, afinal?


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Sensações

Mostrar-te o mundo de olhos fechados. Dançar por entre a chuva que cai com veleidade, tocar no teu rosto quando o céu nos dedica as suas estrelas.

Arder por dentro com paixão e voar bem acima dos nossos sonhos, como uma bola de fogo que devora a razão e alimenta o amor.

Olhar-te nos olhos na escuridão e saber que sorris para mim. Sentir os teus longos cabelos ao vento, pressentindo a intempérie e abraçando-a sem receios.

Inspirar fundo, fitando o horizonte. Desviar o olhar para o firmamento, sentindo os raios de sol a iluminar-nos os espíritos.

Entender o sentido da nossa existência, sem a ambição de vencer o tempo.

A vida ainda agora começou.


sexta-feira, 31 de maio de 2013

O amanhã



Um olhar que toma parte dos teus sonhos e os torna realidade.
Um sorriso que não é mais que o espelho do teu sorriso.
Um coração que espera por ti e te acompanha em cada passo, cadenciado, harmonioso.

A música que nos alimenta o espírito, tocada ininterruptamente pela natureza.
A dança noturna das estrelas, que nos faz vibrar no nosso mundo.
O tempo que por vezes pára, na tentativa de eternizar momentos só nossos.

Um destino inelutável, arrebatadoramente extraordinário.
Vidas que se cruzam, para em seguida percorrerem o mesmo caminho.
O amanhã chegará a seu tempo, com mil e um segredos por desvendar.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Horizonte

Caminhávamos de mão dada pela praia.

À medida que avançávamos em direção ao mar, as marcas deixadas para trás, na areia, sumiam misteriosamente.

Não sei. Talvez fosse, afinal, o mar que avançasse ao nosso encontro. Ou talvez o mundo girasse sob os nossos pés, que distintamente levitavam sobre a fina areia.

Trazias a lua numa das mãos. O mar dançava ao sabor dos teus movimentos, sem nunca a perder de vista.

Será o horizonte o nosso destino?

Mar adentro, para uma travessia eterna.

Que o mundo nunca nos acabe.



domingo, 19 de maio de 2013

Plenitude

A plenitude, em nós, é uma ilusão. Será tão possível, como voltar ao dia de ontem. E uma vez no dia de ontem, o amanhã será hoje. Futuro desvendado, qual bola de cristal, e o coração enfraquece.

São as incertezas que dão luz e cor à vida. Incertezas sãs, que não te consumam o espírito na ânsia da descoberta do que virá a seguir, daquilo que te reserva o destino.

Encara o teu passado com o mesmo respeito que te merece o futuro. Quanto ao presente, que um dia foi futuro e um dia será passado, abraça-o com a máxima força que o teu coração permitir.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

A vida

A vida. A viagem cujo destino é conhecido desde o momento em que sorrimos para o mundo, e que ainda assim tão enigmática se apresenta.

Farás outras viagens, sim. Viagens que te farão crescer, sorrir, chorar, compreender o mundo que te rodeia. Viagens dentro de viagens, viagens embrulhadas em forma de sonhos, sonhos que serão eles mesmos viagens dentro de ti.

Descobre-te. Questiona-te. Entusiasma-te. Relaciona-te com aqueles que te permitem dar o melhor de ti.

Escuta com atenção a música que toca no teu coração. A viagem é demasiado curta para infelicidades ininterruptas ou travessias sem rumo.

Sê tu próprio. Vive a vida com um sorriso nos lábios e não te esqueças, nunca, de ser feliz. Esse será, sempre, o melhor combustível para a tua viagem.


domingo, 5 de maio de 2013

A distância que os separa

Questiono-me se alguém compreenderá a distância que os separa. Pouco importa, ouço alguém dizê-lo. Talvez as palavras do meu pensamento tenham ganho voz.

Será necessária uma inspiração divina para perceber que a proximidade física que os une foi arrebatada, há muito, pela distância emocional que os coloca, agora, em pontos opostos do universo?

Na presença de um abismo, existe uma situação em que um passo atrás não te salvará de caíres no mesmo. E é por isso que voltar costas aos problemas não será, nunca, uma solução. Um passo em falso, e tudo poderá estar perdido. Para sempre.

Assume os riscos inerentes às tuas decisões. Olha em frente, luta por aquilo que procuras e... sê feliz!


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Incertezas





E se ele te levar a um sítio mágico, se te revelar todos os seus segredos...

Se te mostrar todas as suas cicatrizes, e todas as esperanças que delas nasceram...

Se te der a conhecer um pouco do amanhã, das suas ilusões e incertezas...

Estarás aqui para o amar?

domingo, 28 de abril de 2013

Mar de emoções



Mergulhámos, abraçados, num mar de emoções.

A tempestade fustigar-nos-á com a força de Neptuno, que ainda assim será pouca para nos separar.

Faremos do mar o nosso Jardim do Éden, um paraíso feito de olhares que não mentem, que não enganam, que tudo revelam.

Um paraíso sem desleais tentações, sem medos entorpecedores.

Mar imensurável, sim, é o mar que nos espera, de sentimentos por desvendar e abraços por materializar.

Um mar ao nosso alcance, apenas e só, ao nosso alcance.


domingo, 21 de abril de 2013

Nos dias de sol

Dizia-me o meu avô, que eu nunca cheguei a conhecer, que a escuridão também existe nos dias de sol.

Dizia-me quando eu, sozinho, fechava os olhos devagar e procurava alcançar o sentido da vida.

A escuridão também existe nos dias de sol.

Levei demasiado tempo a compreender a mensagem que me era sussurrada ao ouvido, como que um aviso que nos atinge o peito e nos fere o orgulho que não existe em nós.

Hoje fez sol todo o dia. Procurei-o junto ao mar, de olhos fechados e enquanto a maresia me inebriava os sentidos.

Ele não apareceu. Não. Mas era a sua voz, estou certo que era sua a voz que o mar trazia até mim.

Nos dias de sol, o tempo nem sempre passa por nós.


domingo, 14 de abril de 2013

E se...

E se não for o mesmo, se o tempo que faz dentro de nós não for o mesmo?

Se em mim o sol nunca descansar, e em ti o nevoeiro nunca der tréguas, poderá ser o nosso olhar, aquele que lê o pensamento um do outro, o melhor preditor do nosso futuro?

E se por magia eu tocar no teu coração, por magia, e o nevoeiro que existe em ti se dissipar com o calor do meu sorriso?

E se o teu sorriso invadir o meu coração, o teu sorriso, e o sol que existe em mim brilhar com orgulho?

E se em cada recanto do nosso vasto universo, em cada recanto, sentirmos o aroma um do outro?

E se os nossos pensamentos andarem de mãos dadas, os nossos pensamentos, num sonho que é só nosso?

Será isso amor?


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Certezas



Esperas que eu me embale e mergulhe nos sonhos mais profundos, que eu abrace o calor do meu retiro para, então, apareceres. Julguei-te maldita, qual anátema de um triste mundo, que me acelerava o coração e me fazia despertar, assustado, noite após noite. Não sou capaz de te ver, tão-pouco de te ouvir, mas sinto a tua respiração profunda junto ao meu ouvido, a energia do teu espírito que invade, sem permissão, o meu espaço.

Não voltarei a adormecer. Espero por ti, agora, acordado...


segunda-feira, 8 de abril de 2013

O teu sorriso

Tempos houve em que escrevi para ti, tempos em que o papel não chegava e o coração nunca abrandava.

Tempos em que o teu sorriso era a energia que fazia o mundo girar, com o amor e a paixão que este necessita para nunca esquecer o seu destino.

O tempo parece, agora, andar para trás, como se numa hipnose me encontrasse mergulhado, e da qual não quisesse, nunca, sair.

O teu sorriso toca, novamente, no meu coração, ao de leve, como o canto de um rouxinol que faz vibrar o nosso espírito pela manhã.

Manhã de primavera, com o sol a entrar por nós adentro, a sorrir dentro de nós, vibrando com a nossa felicidade.

Todos os dias te vejo nascer, lá bem longe, nas costas do horizonte, arriscando, sem medo, dar um pouco mais de cor às nossas vidas.

E a vida deveria, sim, encontrar o seu equilíbrio e o seu rumo nas pequenas coisas que por vezes descuramos.

O teu sorriso, o meu sorriso, os nossos sorrisos. A cor que o dia tem pela manhã, o calor que existe dentro de nós, a paixão e o amor de mãos dadas, a noite que cai e nos abençoa com um céu infinito.

O teu sorriso.


terça-feira, 26 de março de 2013

Sonhos vão, sonhos vêm


Ela deteve-se diante da fonte mágica.

Assim lhe chamavam, mágica, não pela sua essência, mas pela magia que nela era depositada por aqueles que a visitavam.

Mergulhou ambas as mãos na água, diáfana e gélida, como o coração daqueles que nada esconde e que nada ama.

Água fria, muito fria, certamente insípida e, ainda assim, mágica, como o coração daqueles que nunca sorri e por vezes chora.

"Nunca desistas dos teus sonhos". É o que nos dizem, desde cedo, vezes sem conta ao longo da nossa vida. Porquê? Porque o contrário é demonstrativo de fraqueza? E quando os sonhos são irrealizáveis, utópicos, absurdos? Não será a desistência um sinal claro de inteligência e sensatez?

Com as mãos já entorpecidas pelo frio, a frase errante não lhe saía da cabeça. Desperta, por fim, ao ouvir o seu coração chamar por si. "Está na hora".

Sonhos vão, sonhos vêm.

Que o fim de um sonho te traga sempre o sorriso que precisarás para abraçar o próximo.


sábado, 23 de março de 2013

Apenas por uma vida


Que me abraces com a força do teu ser, que pares o tempo por uns instantes.

Que o medo dê lugar ao amor, sempre e quando os nosso corações temerem o futuro.

Que o mar nunca apague as memórias do passado, aquelas que nos iluminam o dia de amanhã.

Que me dês a mão quando se fizer sentir frio e o sol não quiser despertar.

Que o meu sorriso seja o teu sorriso, quando a noite cair e as estrelas iluminarem os nossos sonhos.

Se para sempre for muito tempo, então que seja apenas por uma vida...


quarta-feira, 13 de março de 2013

Olhar turvo que nada quer ver


Não mais se falaram, ainda que troquem pensamentos quando se cruzam, quando sonham acordados um com o outro.

Curiosa é a vida, quando nos surpreende com o mais inusitado dos cenários, o cenário que sempre existiu, dissimulado, porém, mas quantas vezes bem próximo do nosso olhar, olhar turvo que nada quer ver, que nos impele a acreditar nas mentiras que habitam os nossos pensamentos.

Pensamentos sem sentido, sim, vezes sem conta. Convicções que ganham força e lugar nas nossa vidas, na frieza dos nossos álgidos sentimentos, aqueles que ditam as nossas ações quando as escolhas são difíceis de escolher, quando as decisões são difíceis de decidir.

Que não tenha pejo aquele que julga ter optado pelo caminho mais fácil. O caminho mais fácil não é, nada mais, que uma falácia, como que um truque de magia sem mistério... O caminho mais fácil, simplesmente, não existe.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Através da janela


A chuva, lá fora, cai incessantemente.

Cai com uma cadência muito própria, de quem não se priva de lembrar a sua presença.

Através da janela do meu quarto, vislumbro sonhos que vagueiam por esta noite fria de Janeiro.

Alguns, ganhando força com a chuva que cai, como se de uma bênção se tratasse.

Outros, que se esfumam por entre as infinitas gotas que dão origem a rios que nos levam a todo o lado.

Sonhos, que nos engrandecem o espírito e nos mostram o caminho a seguir. Por muito assustadora que se mostre a intempérie, não os deixemos morrer.