Corrida matinal. Já perto de casa, em pleno coração do Bairro Alto, vou-me aproximando, com vigor e velocidade, de uma senhora na casa dos cinquenta e cinco, talvez sessenta anos. O peso da idade nada será comparado com o peso da sua pessoa: arrisco-me nos cento e cinquenta quilos. Uma bisarma.
A dita cuja, quiçá incomodada pelo ladrar insistente do canídeo, preso a um pilarete pela trela, bate-lhe violentamente com uma revista na cabeça. A natureza canina não me deixa surpreendido. Quanto mais ela lhe bate, mais ele ladra, enquanto esta grita: "Cala-te! Cala-te!".
Ao cruzar-me com a senhora, não me consigo conter e, enquanto corro, pergunto-lhe: "É preciso bater no cão?".
A minha mensagem não deve ter demorado mais que uns microsegundos a ser recebida e processada, pois no mesmo instante sou presenteado com um magnífico: "Se for preciso também levas nos corn*s, ó caralh*".
Não fosse o diabo tecê-las, e uma vez que a sua atenção já havia sido desviada do pobre cão, rio-me, acelero o passo e penso: "Bem, se calhar levavas mesmo".
Este é o meu bairro. O Bairro Alto.
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