domingo, 29 de janeiro de 2012

Génios, Fernando Pessoa e o nosso país


Não fosse a existência de uma série de mentes brilhantes – os proeminentes génios do seu tempo –, ao longo da nossa história enquanto espécie dominante no nosso planeta, provavelmente ainda estaríamos, neste momento, a saltar de ramo em ramo numa qualquer longínqua e ancestral floresta africana.

No nosso passado recente enquanto seres humanos, facilmente se identificam os génios que, de uma forma ou outra, contribuíram para a evolução da nossa espécie. Não valerá a pena enunciá-los, nem tão pouco enumerá-los. Face aos milhões e milhões de pessoas que povoaram a Terra nos últimos dois milénios, os sobredotados terão sido uma ínfima parcela desse número.

Posto isto, não será difícil imaginar o desfecho de uma história sem génios. E, a uma escala mais reduzida, imaginar o destino de um país onde se abrem as portas e se convidam os seus melhores recursos a ir para bem longe.

Escreveu, Fernando Pessoa, que "A humanidade, ou qualquer nação, divide-se em três classes sociais verdadeiras: os criadores de arte; os apreciadores de arte; e a plebe. As épocas maiores da humanidade são aquelas em que sobressaem os criadores de arte, mas não se sabe como se realizam essas épocas, porque ninguém sabe como se produzem homens de génio.".

Pior que não saber como produzir homens de génio, é permitir que a nossa sociedade se afunde num mar sem terra à vista, ferindo de morte os apreciadores de arte e deixando a plebe morrer à fome.

"Este país não é para velhos", diria Cormac McCarthy. Eu digo mais: este país não é para nada.


2 comentários:

  1. Incluir a palavra "génios" e "Fernando Pessoa" na mesma frase é muito acertado :) mas, falando em génios, por vezes tenho a sensação que ficaram todos para trás do séc. XXI. Que hoje não se dá muita atenção à classe de pessoas mais inovadoras e criativas, que contribuem para enriquecer o mundo com as mais diversas formas de arte. Parece que tudo ficou estagnado num determinado padrão de "arte", o que vende bem, o mais simples, mais vulgar.

    Por vezes gostava de ter uma máquina do tempo, para conhecer alguns dos maiores génios de sempre. Beijos e bom fim de semana!

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  2. É verdade, conjugar "génios" e "Fernando Pessoa" faz todo o sentido! :)

    Hoje em dia, o que realmente preocupa as pessoas é o seu próprio umbigo e as suas motivações e objetivos pessoais. Pouco interessa se isso interfere no bem estar dos outros.

    Como tu dizes em relação aos "génios", acho que os conceitos de "ética" e "moral" também ficaram no século passado... E quem sofre com isso, é toda a sociedade...

    Beijinhos!

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