daqui. |
Ficaste, quiçá, estupefacto, ou talvez não. Num ímpeto de indisfarçada raiva, levantaste a tua perna direita no ar, até esta perfazer um ângulo de noventa graus com a coxa. No mesmo instante, e com uma violência sobre-humana, lançaste o teu pé ao solo, na esperança de reprimir as palavras que se faziam ouvir.
O mundo estremeceu. O vento não mais se pronunciou.
O clima que se vive é absolutamente singular. As aves que ali se encontravam, nas redondezas, todas elas voaram para bem longe. Desces os três degraus do alpendre para o jardim, sob o olhar atento de um silêncio que nunca, alguma vez, se fez sentir naquele local.
Inspiras, com a indelicadeza que te é característica, o ar inerte que te sufoca. Inspiras com violência, não te sentisses tu o ser mais irascível à face da Terra.
Olhas ao teu redor, o mundo parece acabado. Pesaroso, avanças pela rua fora, sem qualquer pensamento sobre o destino que almejas.
Cospes para o chão, à medida que a estrada ganha uma infinitude quimérica. Sentes-te prisioneiro de um mundo que não é teu, e que ao mesmo tempo procuras destruir.
Tu és o monstro que habita em mim.
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