domingo, 22 de abril de 2012

O teu caminho

daqui.
A viagem teve o seu terminus num local onde o rio e o mar confluem sem mágoas.

O ramo de flores que consigo trazia, cujo aroma perfumava a brisa vespertina que se sentia, foi lançado à água com a gentileza própria de uma deidade.

Qual ser divino de carne e osso, ela procurava a expiação redentora de quem já se sentiu perdido neste mundo que parece não ter fim, e que tantas vezes nos leva a cometer erros nos quais não nos revemos.

Juntamente com as flores, seguiram também as suas mágoas, que por um momento foram capazes de asfixiar o rio que naquele mar desaguava.

Com dificuldade, ofegante, o rio tentava - a todo o custo - recuperar a respiração abalada por aquela tormenta de sentimentos que agora lhe corria nas veias.

Foi com estranheza que vislumbrou a imagem refletida na água asfixiada pela sua dor. Era a sua imagem, indistinta, confusa, irreconhecível.

Com o mesmo peso de uma pena voando ao sabor do vento, ela não tardou a colocar um pé e o outro sobre a superfície do rio, caminhando e deixando-se levar pela corrente.

Caminhava, agora, sem medos nem quaisquer pensamentos repressores, à medida que a sua imagem mudava a cada instante em que a corrente escolhia um rumo diferente para seguir.

A noite cai, e o céu ilumina-se para ti. Não tardes a escolher o teu caminho...


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