Descalços, caminhavam sobre um solo carregado de solidão, uma terra taciturna e pesarosa por não lhe ter sido dada a oportunidade de dar vida à vida.
De todos os locais inóspitos que havia percorrido, este era, indubitavelmente, o seu local de eleição. As árvores, despidas e deslutradas, vergavam-se à sua passagem. Por mais violento que pudesse parecer, este era – verdadeiramente – um cenário imperdível.
Os seus dedos, imaculados e suaves, acariciavam levemente as flores, que se esticavam para sentir o seu terno aroma feminino.
"Quem sou eu?", pergunta a si mesma.
Não sei quem és, juro que não sei. Apenas te vislumbro ao longe, bem longe. Não sei se estás no céu, ou se, porventura, este recôndito lugar é o inferno.
O sol escondeu-se. "Miserável, não fujas", digo para comigo. Creio que me ouviste o pensamento, porquanto tentas fitar o meu olhar.
Não sou capaz de te enfrentar. Baixo-me, e agarro num punhado de terra. Posso assegurar-te que sinto a tua dor.
O teu coração arrisca uma súbita paragem. Cais, de joelhos, na terra humedecida pelas lágrimas que não consegues conter. Prostrada, levas as tuas mãos à cara e choras convulsivamente, choras sem parar por um tempo quase eterno.
O sentimento de impotência é algo inimaginavelmente cruel. Tento, a todo o custo, corrigir esta falta de forças que nos atinge. Sinto a terra a consumir-nos o espírito.
"Quem sou eu?", pergunto a mim mesmo, agora já bem próximo de ti.
Seguras-me na mão, por fim.
"Vamos embora. O inferno não foi feito para nós.".
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