segunda-feira, 3 de novembro de 2014

um demónio em mim

não fez sol, no dia em que decidi matar-te.
talvez, por isso, tenha sentido a tua falta, ainda antes de deixares de o ser.
cansei-me de te ter tão perto de mim, a todo o momento, presente em cada pensamento, sempre com uma maldade visceral que me fazia sentir senhor de uma parcela do imenso inferno.
não quero pedaço de terra alguma.
prefiro um céu que desconheço, ou um mar que se afogue em mim.
guardaste o teu sorriso para os momentos em que fiquei sem chão.
viraste-me costas quando a felicidade me alumiava o espírito.
quando o meu discernimento se deixou subjugar pela tua aura desconcertante, cometi o pecado de ver em ti um aliado.
e tu, mostraste-me um mundo que eu nunca quis conhecer.
um mundo onde a seleção natural estás nas tuas mãos.
ainda sinto no meu ombro o peso da tua mão, as tuas unhas afiadas cravadas na minha pele, o meu ser a latejar continuamente.
és um demónio em mim.
ser desprezível que não se deixa abater.
sorri, uma última vez.


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