segunda-feira, 2 de julho de 2012

Se a dor fosse...

Sónia Guerreiro
Se a dor fosse como um fogo ardente dentro de mim, como se em mim chovessem labaredas de um impetuoso e infinito calor, como se o meu coração se quebrasse em mil e um pedaços, e cada um deles se tornasse num fino pó que desaparecesse num instante ao sabor de uma leve brisa, brisa essa que me revolveria as entranhas, não se tratasse ela de um furacão que me deixasse o espírito numa inusitada dança, uma dança que eu não desejasse e que me deixasse tonto, como se o oxigénio faltasse nos meus pulmões e eu estivesse debaixo de água, no fundo do mar, e procurasse uma qualquer sereia que me levasse de volta à superfície, tapados os ouvidos para não sucumbir ao seu canto, como se não quisesse ouvir aquilo que me sussurram as estrelas, os segredos guardados que tivessem para me contar, segredos que me levassem até ti numa viagem no tempo...

... se a dor fosse apenas isto, iria ao teu encontro todos os dias da minha vida.


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