quinta-feira, 10 de março de 2011

De mãos dadas


Todos os dias, quando acordava, ele sentia a sua presença. Sentia o seu perfume, sentia os seus leves e inaudíveis passos. Imaginava-a assombrosamente bela, esperando que a memória nunca o traísse. Podia jurar que, por vezes, via a sombra dela reflectida ao lado da sua. Não mais que isso, apenas a sua sombra...
Todos os dias, ela tinha a oportunidade de o ver acordar. Seguia os seus passos, cuidadosamente, deixando o seu perfume a pairar por onde passava. Por vezes, por breves instantes, contemplava a sua própria beleza num qualquer espelho. Era apaixonada pela sombra dele, não o queria ver longe de si...
Quando, ao entardecer, ele decidia ir ver o pôr-do-sol junto ao mar, a sua sombra engrandecia. Nesses momentos, o coração dela gozava de uma felicidade extrema, sempre a seu lado até que o Sol desse lugar a um céu estrelado...
Nos dias de pôr-do-sol junto ao mar, ele regressava a casa, pesarosamente, carregando dentro de si um sentimento inexplicável.
Nesses dias, ao deitar-se, e quando o primeiro sonho se preparava para nascer, já ele dormia profundamente a seu lado, sempre de mãos dadas...


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