Sónia Guerreiro |
Naquilo que deixámos de fazer, mas que nos tornava superiores. Naquilo que fazemos, apenas porque sim. Naquilo que deixamos por fazer, porque a inércia é mais forte que nós.
Não caminhamos para novos, qual verdade de La Palice.
O coração, quérulo, respira fundo, ao mesmo tempo que pede um novo fôlego.
Os segundos parecem ora passar devagar, ora passar depressa, demasiado depressa. Curiosamente, alguém me disse que passam sempre com a mesma cadência, como as gotas que caiem de uma torneira mal fechada. Não sei se hei de acreditar, pois ainda agora pareceu-me ver o tempo parar.
E, com o tempo parado, consigo ver o futuro. E, deixa que te conte, é deveras estranho veres-te num tempo que ainda não passou, que ainda está por vir, a rasgar o racional que existe em ti e que te ordena a acordar, pois de um sonho não poderá passar.
Um sonho viciador, como uma droga que nos corre nas veias e que nos arrebate o espírito, que nos impele a respirar fundo com o coração, a agarrar no tempo com as duas mãos, mãos sofridas pelo áspero labor do quotidiano, e a mandá-lo para trás das costas.
O futuro? Nunca o verás através de uma bola de cristal. O futuro está diante de ti, a cada segundo que passa, ora devagar, ora depressa... demasiado depressa.
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