terça-feira, 24 de junho de 2014

Tatuagens da nossa alma

daqui.
Dizem, aqueles que não sabem, que o amor é a maior força do universo. Desconhecem, talvez, o poder devastador da dor. Quando a dor é profunda, quando nos asfixia o espírito como se tivéssemos sido feitos prisioneiros numa floresta em chamas, na presença de um fogo tão ardente que não permitisse renascimentos, quando a dor se entranha no nosso ser e se torna parte da nossa natureza, o nosso destino encontra-se numa roleta russa de tambor cheio.

Com o revólver na mão, cadente, decadente, na direção do chão, desprovidos de energia para um infortunado disparo, arrastamos o nosso corpo por um futuro que não desejamos e que não procurámos. As cicatrizes causadas pela dor são as tatuagens da nossa alma, imutáveis enquanto não compreendemos que a luta que travamos contra o tempo é inglória e inconquistável.

A dor mordaz não se expressa através de lágrimas, de palavras ou de penitências. A dor é inexorável quando nos transforma no único deus do nosso olimpo, aquele que nenhum dos nossos é capaz de ver, de ouvir, de sentir, o deus de carne e osso que sentirá o frio gélido do rigoroso inverno que acompanha a dor, que sairá em busca do inferno para pôr fim ao tormento.