sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
O Principezinho
Foi a sonhar que, um dia, conheceu o Principezinho. O sonho era de tal forma realista, que a primeira coisa que os seus lábios foram capazes de pronunciar foi:
– Principezinho, que fazes tu aqui...?
O cenário, contrariamente ao que seria de esperar, não se apresentava na forma de deserto, mas sim na de um aprazível e imensurável campo repleto das mais variadas e belas flores.
– Procuro a minha rosa – respondeu o Principezinho –, mas as flores aqui são tantas... ajudas-me a encontrá-la?
– Claro que sim – respondeu ela, agarrando na sua pequenina e delicada mão.
O sol estava pintado de um laranja que o nosso parco vocabulário nunca conseguirá descrever. Quanto ao céu, este estava apaixonantemente admirável, refulgindo essa mesma intensidade em todas as flores do vasto campo. À passagem dos dois passeantes, estas pareciam sorrir.
– Como te chamas? – perguntou o Principezinho.
– Eu... eu... eu não me lembro do meu nome! – exclamou ela, como que desconcertada com a súbita amnésia.
– Deixa, não te preocupes... tens ar de sonhadora, chamar-te-ei Sonhadora. Importas-te?
– Não, claro que não me importo, Principezinho – ao mesmo tempo que fazia um esforço sobre-humano para se recordar do seu próprio nome.
– Sonhadora, nós não encontramos a minha rosa...
– Não fiques triste, Principezinho. Havemos de encontrá-la, mas se isso não acontecer...
– Se isso não acontecer...? – interrompeu-a o Principezinho, com os seus intensos olhos azuis já lavados em lágrimas – Tenho que encontrar a minha rosa, doutra forma nunca mais serei feliz.
– Olha ao teu redor, já viste quantas flores os teus olhos conseguem alcançar? Estou certa de que iremos encontrar uma rosa tão linda como a tua – acrescentou a Sonhadora, tentando reconfortá-lo.
– Não, não... – respondeu o Principezinho, com a voz trémula e um semblante carregado – Tu és feliz, Sonhadora?
Ela não esperava esta pergunta.
– Sou muito feliz, Principezinho – respondeu ela, de uma forma notoriamente evasiva – Mas porquê? – perguntou, ansiosa.
– Tu não és feliz, Sonhadora. Os teus olhos não mentem... não irradiam paixão. Olha o céu.
– Olho o céu? O que tem o céu?
– Não vês? O céu está apaixonado. Repara na sua cor! – exclamou o Principezinho – Sonhadora, Sonhadora!
– O que foi, Principezinho? – perguntou, assustada.
– Encontrei a minha rosa! – gritou ele, contemplando a sua flor de um modo singularmente apaixonado – Agora é a tua vez, Sonhadora... acorda!
Ela acorda e sorri. A vida está à sua espera!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário