terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dois velhos amigos


Cada passo que davas, em cada pedra daquele chão nefando e tenebroso, era um passo a caminho da escuridão total. Atrás de ti, um milhão de espíritos à procura de redenção.

Quando abrias os braços, duas imponentes asas surgiam misteriosamente, de uma forma mágica e apenas ao alcance dos predestinados. O teu maior defeito? A fidelidade aos princípios reservados aos grandes pensadores: honra, honestidade e camaradagem.

No dia em que me cruzar com a escuridão, sei que estarás à minha espera de braços abertos, qual tutor aguardando o seu aprendiz favorito. Mostrar-me-ás o caminho mais difícil, aquele que me permitirá sentir o doce sabor da vitória sobre a morte.

Pois quando a morte me piscar o olho, sei que serás o meu braço direito, o Anjo Negro que estará ao meu lado enquanto os Santos dormem o sono dos justos.

E se, no Reino de Deus, eu subtrair ao soberano o seu lugar, num acto de exasperação e pura cupidez, eu tornar-me-ei, então, no teu preceptor. E, nessa altura, serei para ti o mestre obsequioso que me ensinaste ser.

Reunirei, em ti, a força de mil Anjos, a filantropia de mil Santos.

Nesse dia, o abraço de dois velhos amigos será mais poderoso que qualquer Deus.


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