sexta-feira, 21 de maio de 2010
A vida, para além da...
A tua vida era um rascunho. A humildade e inocência que imprimias ao teu quotidiano, permitiram-te ganhar o respeito e o carinho de muitos.
E porquê um rascunho? Não suportavas a arrogância de uns quantos que te rodeavam, a altivez a que recorriam para atingir os seus objetivos, a sobranceria característica dos fracos.
Foste riscando, do teu diário, os dias menos bons. Se tivesse tido de escolher entre ti e deus, a escolha não teria sido difícil: eras perfeita.
Os dias maus foram aumentando. Procuravas, nos meus braços, o calor eterno de quem te amava. E eu amava-te.
Deixaste de olhar para as estrelas. Abraçavas-me, com força, sem conseguires conter as tuas doces lágrimas. O quanto me custava ver-te chorar.
Escolheste o caminho mais fácil. Nunca conseguirei aceitar a tua partida.
Quando chamas por mim e eu não te ouço, quando sinto os teus passos e não te vejo, o meu coração fica mais pequeno. E é nesses momentos que choro as tuas lágrimas.
Ainda hoje te sinto perto, muito perto, quando corro atrás do vento.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
A flor-das-pétalas-de-ouro
O cenário era apocalíptico, verdadeiramente assustador. A humanidade enfrentava, uma vez mais, a sua maior prova de fogo: evitar a sua própria extinção.
As cidades eram teatros de guerra e destruição, onde se representavam peças de um dramatismo demasiado real, com um pano de fundo pintado em tons de cinzento. A fome assolava a maior parte daqueles que vagueavam pelas ruas. O crime fazia agora parte das nossas vidas.
O crime… talvez este não existisse, tal seria o paradoxo de considerar crime àquilo que não tem lei para ser punido. A anarquia reinava.
Desde cedo aprendi que o ódio não é o sentimento contrário do amor. As pessoas haviam deixado de amar, para simplesmente viverem num clima de medo constante e ubíquo. As pessoas não odiavam as suas vidas. Elas tão-somente tinham medo de viver.
E quando assim é, quando caminhamos sem destino e envolvidos por todos os sentimentos infaustos que uma mente sã ainda consegue distinguir, se não tivermos um objectivo, o medo há-de seduzir-nos a esquecer o amor.
Pois bem, não era nesse cenário que eu me revia. Eu tinha um propósito bem delineado, que jamais iria abandonar.
Rezava a lenda que, numa zona recôndita do nosso mundo cinzento, havia uma flor com pétalas feitas de ouro, onde se encontrava concentrada toda a energia positiva da Terra. Uma vez retirada do solo, a flor espalharia em todas as direcções a energia que guardava, vaticinando um mundo pintado com as cores do arco-íris.
E foi com esse desígnio que, nos quatro cantos do mundo, procurámos, os dois, a flor-das-pétalas-de-ouro. Num dia em que o céu se mostrou mais carente, chorando uma chuva copiosa, eis que a flor mais bela do Universo surgiu diante dos nossos olhos. A sua perfeição fez-nos sentir insignificantes, mas não menos apaixonados.
Corri para ela, na ânsia de salvar o mundo, na ânsia de te ter ainda mais perto de mim. Com a ligeireza que o momento exigia, a flor rompe a sua ligação com o mundo. O cinzento deu lugar a todas as cores entretanto adormecidas, ao mesmo tempo que os sorrisos começaram a florescer onde antes existia, apenas, o medo.
Olhas para mim, com aquele olhar que dispensa quaisquer palavras.
Abraçamo-nos, e trocamos o beijo que mudou o mundo.
A flor-das-pétalas-de-ouro é tua!
Etiquetas:
Amor
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