sexta-feira, 23 de abril de 2010
História de Amor
Num monte não muito longe daqui, onde durante a noite apenas a Natureza tem o dom da palavra, eles contemplavam, deitados, o luar. O vento soprava vagarosamente, permitindo que as árvores circundantes tivessem um sono tranquilo.
Contavam as estrelas no céu, lado a lado, com a cumplicidade característica de dois amantes. De quando em vez, uma ou outra estrela cadente rasgava o pano negro de fundo, deixando no ar um aroma celestial ardente. Ainda que a distância que os separasse dos corpos celestes fosse astronómica, eles estavam capazes de sentir cada bocadinho do seu rasto.
Ao fim de uma incansável e longa viagem em busca do sentimento mais puro existente em todo o Universo, ei-los a gozar o merecido descanso. A mão direita dele segura, apaixonadamente, a mão esquerda dela. Os dedos entrelaçados desejam que este momento seja eterno, tão perfeito que ele se mostra.
E foi naquele monte que a História de Amor atingiu o seu auge. Embebidos por uma paixão difícil de transcrever para o papel, os seus corpos uniram-se sob o olhar enternecido da Natureza.
Daí a nove meses, as suas vidas estarão num nível superior, aquele que resulta do Amor verdadeiro.
Pois aqui deixo a minha mensagem: amem-se, como se não houvesse amanhã!
(para ti, minha amiga)
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Amor
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Vamos dançar?
O chão é feito de mosaicos pretos e brancos, qual tabuleiro de xadrez. Não sei se, neste jogo, interpretas o papel de Rainha, mas eu não passo de um mero Peão.
O teu longo vestido arrasta-se pela superfície fria sob os teus pés, agitando-se perante uma leve brisa de essência romântica. Majestosa, vais desfilando com aprumo, caminhando de forma inabalável na minha direcção.
Vacilante é como me sinto, e, ainda assim, não consigo desviar o meu olhar do teu. Deixas que os teus lábios se expandam, dando lugar ao sorriso mais fascinante que alguma vez contemplei.
O tempo, esse, não abranda. Ao invés disso, acelera estonteantemente. Numa fracção de segundos, a tua mão já segura na minha, apelando a um convite que fez disparar o meu tímido coração.
“Vamos dançar?”, perguntas-me. Devolvo-te o mesmo sorriso apaixonado, enquanto os nossos corpos se movem perante a música cantada pelos nossos corações.
O tempo, esse, pára só para nos ver dançar. Hipnotizado pela sintonia dos nossos movimentos, deixa em suspenso todo o Universo circundante, colocando-nos no centro deste.
Os meus lábios tocam na pele suave do teu pescoço, enquanto me sussuras ao ouvido: “Amo-te”.
Esta dança será eterna.
domingo, 4 de abril de 2010
Escadas da vida
Sibilante, ela subia as intermináveis escadas, degrau após degrau. O eco produzido pelo som agudo que os seus lábios deixavam escapar, entranhava-se nas paredes da grandiosa Torre.
Sem nunca se deter, os seus pés despidos flutuavam sobre cada um dos milhares de degraus, um após outro. As escadas em caracol tornavam-se hipnóticas, verdadeiramente manipuladoras para cada espírito que se atrevesse a percorrê-las.
No seu encalço, e uma vez deixada para trás a enorme porta de acesso à Torre, ele espreita o infinito olhando na direcção do topo da imponente construção. Ela já se encontrava uns bons quinhentos degraus à sua frente, continuando a espalhar a sua música sibilante.
Neste momento, ela detém-se. Olha para ele, lá em baixo, e pisca-lhe o olho, enquanto morde, suavemente, o seu lábio inferior. Retomando a incansável marcha sem destino, vai deixando escapar laivos de paixão, imperceptíveis para um qualquer distraído, prova de amor para quem a tenta alcançar.
Pois foi num ápice, enfim, que o apaixonado alcança a sua paixão. No preciso instante em que se presta a tocar-lhe, ao de leve, nos seus longos cabelos cor-de-amor, ela desvanece-se.
Esmorecido com tamanha traição, ser errante e único habitante da majestosa Torre, cai de joelhos no degrau em que se encontra. Subitamente, ouve, lá em baixo, o sibilar que lhe é tão familiar. Espreita, uma vez mais, na direcção do som: ei-la, confiante, junto ao degrau número um.
Ele pisca-lhe o olho, enquanto morde, suavemente, o seu lábio inferior.
O caminho a percorrer é longo, certamente, mas o topo não se afigura impossível: o amor que os une é real.
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