segunda-feira, 23 de novembro de 2009

No meio das trevas


No meio das trevas, te encontrei. Com um vestido comprido de cor púrpura, o chão tingia-se de negro a cada passo dos teus pés descalços.

A paisagem era hostil, e o vento que corria arrepiava-me a espinha. Murmuravas palavras bonitas, as quais sufocavam as flores no teu caminho.

De quando em vez, olhavas por cima do ombro e sorrias-me. “O quanto eu gosto de ti”, dizias para ti mesma.

Sabias que era o impossível que estava em jogo. Realidades ímpares, um amor sem precedentes. E se realmente este é eterno, como dizem os entendidos, então porquê fugir do inevitável?

Apenas querias a minha paixão, e eu apenas te pedia um último abraço.

E foi por isso que eu corri para ti, e tu te deixaste alcançar.

E foi por isso que eu te abracei, e tu deixaste escapar…

“O quanto eu gosto de ti”.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Este sono será eterno


Era Primavera, mas a vida não era fácil. As flores não cuspiam pólen, as abelhas não o apresavam.

Carregavas uma cruz aos ombros, mas tão pouco eras Cristo. A terra era inóspita, e nas areias movediças até a alma se via sepultada.

Procuravas o teu lugar, mas as interrogações não te davam tréguas. O céu era laranja, o sol nunca havia antes sido negro.

Sonhavas com um mundo com vida, mas foi este o destino que te foi traçado. O castigo nunca foi justo para quem não é culpado.

Sorris, uma última vez, e fechas os olhos.

Este sono será eterno.